Banda Aphids: um ‘pulgão’ que pulsa o melhor do rock
Quem saberia de pronto dizer o que significa o termo Aphids? Um cientista, ou mais precisamente, um biólogo, certamente saberia. No lugar de preocupar com a definição, melhor é apresentar a banda. Dona de um estilo rock metal progressivo que desde o final de 2007 faz um som pesado e de qualidade Brasil a fora, é formada pelos músicos contagenses Daniel Henrique (guitarra e vocal), Renato Rafael (baixo), Paulo Henrique (guitarra) e Daniel Carvalho (bateria).A banda teve recentemente a oportunidade de disputar uma vaga para tocar no Rock in Rio 2015. Eles participaram de um concurso popular realizado pela patrocinadora do evento com votação pela internet. Não conseguiram a classificação mas se dizem contentes com a participação que lhes valeu maior projeção como revelou Daniel Carvalho, em entrevista ao jornal Folha de Contagem. “Apesar de não estarmos no topo da votação, estamos felizes com o resultado, tivemos um respaldo muito bacana do público e ficamos na quarta página de votação entre as 25 paginas, à frente de centenas de bandas do Brasil”, solta risos o baterista.
INÍCIO
Para Daniel, tocar no Rock in Rio seria um pedaço do sonho se concretizando em ser uma banda reconhecida nacionalmente e internacionalmente. Sempre com os pés no chão, os músicos sabem que tudo tem sua hora para acontecer. No entanto, a possibilidade de participar de um evento desse porte é algo surpreendente para a banda que não tinha muitas ambições quando se formou. “Nos juntamos de maneira despretensiosa,só para fazer um som. Começamos a produzir algumas músicas e ficamos contentes com o resultado. Foi quando resolvemos formar a banda”, conta Daniel, lembrando que já nos primeiros encontros traçaram um estilo próprio apostando, audaciosamente, em músicas próprias e letras em inglês. “O inglês é uma língua universal e tivemos nossas referências de bandas que cantavam em inglês” e completa: “temos esse foco por ter com a música a possibilidade de fusão de estilos e uma sonoridade mais experimental”.
SEM CENA
O baterista salienta que, na verdade, não foi uma decisão nada fácil, ainda mais pelo fato de que, em Contagem, uma cena rock que prioriza o cover, oferece poucas oportunidades para um som autoral. “Infelizmente a cena musical na cidade é bem defasada, culturalmente falando. É fraca e o público de rock está voltado para as músicas consagradas”. Ainda de acordo com o músico e em razão disto, “poucas bandas investem num lado mais profissional e apresentável e muitas procuram outros ares para tocar, sem contar que os espaços para apresentações praticamente não existem. Ser uma banda de rock em Contagem é praticamente não existir”, alfineta Daniel.
ROCK PARA CONTAGEM
Baquetas em punho, o baterista resolve bater os pratos e caixas do instrumento que retumba forte sobre esta questão. Ele coloca que é um assunto muito complicado porque esbarra numa deficiência cultural da cidade, assinalando que as pessoas não vão aos shows. Sem contar que o público frequenta determinadas casas de show procurando ouvir apenas o que já conhece com as bandas cover. “Para se ter uma ideia, desses oito anos de existência, tivemos duas oportunidades de apresentar em Contagem e de uma certa forma não foram apresentações bacanas porque, infelizmente, não existe espaço e nem publico para bandas autorais na cidade”, explica o baterista, reforçando que a solução é seguir os passos da maioria os artistas locais, ou seja, embalar os instrumentos e colocar o pé na estrada. Exemplo disto, ocorreu em 2014, quando a Aphids se apresentou em Curitiba, abrindo o show da banda inglesa Paradise Lost. “Queríamos uma cena forte em Contagem mas do jeito que está não dá. Afinal, dizer que em Contagem não tem publico não é verdade. Não existe um público de rock porque, infelizmente, as pessoas deixam a cidade para ir em eventos em cidades vizinhas e as bandas precisam sair para ter reconhecimento”, coloca Daniel.
Quem desejar conhecer mais profundamente o trabalho musical desenvolvido pela turma da banda Aphids pode acessar a conta no Facebook. Há! A propósito, aphids é um pulgão sugador, mas no caso da banda, Aphids pode ser traduzido como uma enorme vontade de fazer um bom som através do também bom e velho rock’n roll.
Por Victor Machado